Começar do zero.
Quantas vezes queremos começar do zero?
Quantas vezes já começamos do zero?
Inúmeras!
Apetece te começar do zero?
Não!
Não me apetece nada que exija esforço. Nada que me canse a alma nem o corpo.
Apetece me apenas o verbo continuar...seja lá de que forma em que estado de espirito, mas recomeçar implica uma panóplia de verbos associados que só de pensar me deixam exausta.
Quero continuar, no pasmo, guardar naquela caixa vazia os sentimentos perdidos. Vou levar a caixa para o sótão e deixa la ao acaso. Uma caixa com sentimentos, sentimentos profundos que se acumulam no pensamento. E no pensamento não é lugar para os guardar.
Ficam lá. Fechados. Isolados. Guardados.
E todas as vezes que lá for (ao sótão) vou fazer de conta que não vejo a caixa, que não sei o que lá tem dentro.
Vou olha la de soslaio, mas sem pressas e rezando para que um dia quando lá voltar seja para a trazer...
Queria uma injecção letal para aquilo que bate aceleradamente dentro de nós. Um antídoto. Aquela pequena garrafa que diz "bebe me" e esquecerás. Apenas encontro a droga e não o antídoto.
Quero que o tempo corra mas ele teima em demorar...a cada hora que passa sinto o compasso enervante dos segundos que lentamente ou mortalmente vagueiam num relógio qualquer sem ponteiros.
Saudade. Que é isto? De que se alimenta a saudade?
De sentimentos e pensamentos. A saudade não é um sentimento bom. Implica despedida. Abandono. Deixar de estar. De ver. De sentir.
Não gosto de saudades. Odeio saudades. Saudades de quem já foi, de quem já não está, de quem trago no pensamento e que nem na caixa posso colocar.
A palavra saudade devia ser proibida.
Devia ser um pecado.
O oitavo.
O 8º pecado mortal.
Não ouses ter saudades ou pecares.
E peco. Todos os dias vezes sem conta.
Começar do zero implica querer, esquecer, apagar, mudar...não não quero começar do zero.
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